07 abril 2012

CARAPINTADA



Já pensou um jovem dos anos noventa sendo transportado aos anos sessenta.É analisando essa quetão que Renato Carvalho Tapajós escreveu o livro "Carapintada".
Tudo começou quando Rodrigo voltava para casa após mais uma manifestação pelo impeachment do presidente Collor de Melo. Como num passe de mágica, Rodrigo percebe que embora ainda esteja na mesma rua, tudo é diferente. Não entende nada do que está acontecendo, deixa-se guiar pela curiosidade. Acompanha um grupo de jovens que parece conhecê-lo, e viu-se no meio de estudantes secundaristas, jovens como ele, falando de passeata, tiras. Assombrado, descobre que voltou no tempo vinte e três anos. Observa que os jovens, embora vistam diferente, o discurso é o mesmo, estudante é tudo igual. Embora achasse a situação absurda e que tudo não passava de um pesadelo, Rodrigo sente-se totalmente entrosado com aqueles jovens: passeata, esconderijo, armas, UNE, UBES, camar5ada, missão secreta, são palavras que faziam parte da rotina daqueles jovens.
Envolvido pelo sentimento coletivo que animava aqueles jovens, Rodrigo participa de várias missões perigosas, troca tiros com a polícia, certo de que não seria atingido pois não faz parte daquele mundo. Conhece a realidade da ditadura e os sonhos daqueles jovens por um mundo melhor, sonhos pelos quais estavam dispostos a lutar. E Rodrigo sabia o resultado, mas não podia contar. Sabia como o sonho iria acabar e agora compreendia um pouco o sarcasmo do seu pai; ele foi um jovem daquele tempo.
Outro sentimento que pertuba Rodrigo é Claúdia; uma companheira de luta. Compreende está apaixonado quando estava com Claúdia numa passeata. Viu-se gritando como os outros jovens palavras de ordem: "Abaixo a ditadura"! Sabia que aqueles jovens gritavam por liberdade; os carapintada do seu tempo não lutavam por liberdade porque ela não mais existia. Lutavam contra a corrupção que envergonhava o país. Pintavam a cara como uma alusão a vergonha ou como um grito de guerra. Só o sentimento era o mesmo.
Quando a passeata transformou-se numa guerra, Claúdia e Rodrigo fogem, passam algum tempo escondidos, onde dão vazão aos sentimentos que os envolve: trocam o primeiro beijo.
quando tudo está mais calmo, despede-se de Claúdia, sai caminhando pela Avenida Paulista e de repente, sente uma leve tontura, e percebe que voltou ao seu tempo. Preocupado por ter sofrido o que imaginava ser uma alucinação, meteu as mãos nos bolsos e encontrou duas balas: o sonho tinha sido real...

Um comentário:

Tatiana Sampaio disse...

Com esta dica viajei no tempo, eu tinha uns 15 a 16 anos, casada, mãe, mas ainda estudante secundarista(ensino médio atual), o país passava por um momento histórico o impeachment do presidente Collor de Melo. Eu era líder de grêmio de uma escola particular de Fortaleza, mas tinha vários contatos com os secundaristas das escolas do governos e particulares, decidimos nos unir e participar do movimento nacional os "CARAS PINTADAS" , PENSA...derrubamos portões de escolas, gritamos, manifestamos, causamos impacto no Centro de Fortaleza, que tempos aqueles que sabíamos reivindicar os nossos direitos. ACORDA BRASIL!!!!

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